O Amor e as correrias dos humanos
Sentado nesta mesa onde aguardo pela refeição, vou deitando um olhar pelos restantes clientes, sentados uns, de pé outros.
Nas mesas, conversas animadas de damas idosas, aqui e ali pintalgadas num hino à juventude que passou.
Vão saboreando o alimento entre olhares e ditos, talvez de cumplicidades que a vida transportou.
De pé, sorvendo apressadamente uma sandes e um qualquer sumo, alguns homens e mulheres em silêncio, cumprem um ritual.
Na mesa ao meu lado, um casal de enamorados, talvez na casa dos setenta ou oitenta anos, saboreia deliciosamente um pastel de nata e um café.
Ele havia chegado, mal se sustendo nas pernas trémulas, apoiado em duas “canadianas”, ela mais “gaiteira”, toda melosa para o seu homem.
Não lhe ralhou, quando a nata do pastel lhe retirou a dentadura da boca, lesta, esticou a mão empunhando um guardanapo que lhe cobriu a boca vazia, deitando-me um olhar meio cúmplice entre palavras de ternura.
Soube-me bem aquele almoço…