quinta-feira, maio 17, 2007

A minha amante jamais desprezada

Olhando em redor, tudo se perdeu da identidade semi-selvagem que nos enleava.
Circundados agora por muito betão fixo semidesértico e largas nuvens de chaparia volúvel muito apressada.
Tristes, no prédio de 20 inquilinos onde habitamos, 19 nunca estão, ou em calhando, estão apenas, quando nós próprios não estamos.

As ruas, outrora caminhos de areia e de sombras destemidas, onde o gorjeio das gargantas juvenis se desafiavam sem invejas nem temores, hoje, escolhos de chapa ou plástico, em buracos inadvertidos, onde até os que não se julgam cegos, sentem dificuldades em transitar.

Esta é afinal uma cidade como tantas outras, que nunca deveria ter deixado de ser menina.
Menina, enamorada das suas gentes, do seu mar, do seu Sol, da sua natureza, da sua identidade.

Hoje à tardinha, com o Sol explanando seus raios multicolores sobre as sombras de cimento, tremi.

Não por frio, apenas porque 60 anos volvidos, vejo o quanto estás desgastada, vejo o quanto te destruíram e muito mais doloroso, como teimam em te destruir.

2 opinou:

At 21.5.07, Blogger Manuel Veiga said...

... e, no entanto, teima em ser bela! a necessitar de um (re)toque feminino, porventura...

abraços

 
At 21.5.07, Blogger AJB - martelo said...

a pressa é muita na destruição da paisagem, da respiração...

 

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