Hoje estive contigo
No ar soprava uma brisa forte que te encrespava o ondulado.
Do céu desciam raios multicolores que te riscavam o verde e as transparências de onde se entreviam os grãos amarelados da areia submersa.
Um princípio de tarde quase primaveril, a apreensão no olhar de todos quantos te miram e receiam.
Tu meu amigo de quase sempre, fonte (in) esgotável da vida, tão martirizado pelo lixo humano de homens sem vergonha, tão espartilhado pela avareza de governos sem escrúpulos, ainda assim te permites em dias mais soalheiros, partilhar o teu corpo, a tua vida, o teu poder, com as insignificantes gentes que te procuram e quase desprezam.
Hoje estive contigo, falei-te apenas em surdina para que os homens não me tomassem por louco, mas um destes dias, vou despir-me de humanidades e contigo embriagar-me na volúpia da tua força, para que me abraces e eu retribua como quando era criança.
4 opinou:
Muito bonito.
João Norte
Que bom estar assim, com o Mar...
Que bonito...
Zé, este excerto é bonito e profundo.
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